Você já ouviu falar na contra-inteligência?
- Isabela Corrêa

- 13 de mar. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de ago.

Também chamada de resistência, “o opositor”, auto-boicote, sombra, entre outros nomes, se trata de uma parte em nós que se opõe ao nosso desenvolvimento anímico. Isso está relacionado com todas as tendências auto-destrutivas que carregamos, aquilo que nos leva a vícios que sabemos nos prejudicar, que boicota nossas tentativas de dar um basta naquilo que não nos faz bem, que nos leva a aceitar mais uma vez aquilo que deveríamos rejeitar, que nos mantém na inércia, que diz: “está tudo bem, você não precisa se esforçar pra nada”.
A única via para superar esta triste condição de repetir, repetir, repetir os mesmos padrões disfuncionais é a tomada de consciência. Precisamos identificar o movimento da contra-inteligência para assim estarmos sempre nos antecipando a ela, estarmos conscientes de como ela funciona. A partir daí algumas estratégias podem ser desenvolvidas para transformar tais pontos de estagnação.
Há que se chegar em um ponto de “chega”, onde nos propomos a realmente olhar pra dentro e a trabalhar com aquilo que repetidamente nos leva à bagunça, falta de disciplina, excesso de apego ao prazer sensorial, infantilidades, vaidades exageradas, egocentrismo, vícios e outras forças disfuncionais de nós mesmos tal como a preguiça.
Esta força “marciana”, do “basta”, da disciplina, da austeridade é aquela que nos incita a vencer os obstáculos, e há quem diga que ao caráter que lhe falte esses aspectos “marcianos” nunca fará nada da vida. De fato, observamos que todo aquele que simplesmente se permite livremente atuar a partir de seus aspectos limitantes, sempre está patinando nas mesmas questões. Precisamos aprender a dizer não a estas tendências, para seguir em direção a uma existência de maior realização. Esta é a “boa batalha”, aquela que é a favor da sua própria vida.
Mitologicamente, diz-se que o rei sentado em seu trono, governando misericordiosamente seu povo em tempos de paz conquista o nosso amor. Mas é o rei em seu cavalo a caminho da guerra que conquista o nosso respeito. Shiva, como aquele que destrói é tão necessário quanto Brahma, aquele que constrói.
A Disciplina é uma força corretiva, a escolha deliberada de um bem maior de preferência a um bem menor. Disciplina autêntica não significa necessariamente privação “sofrida”, mas é fruto de um intenso interesse em ir além da onde se está.
"Precisamos de desafios, precisamos vencer nossas batalhas diárias, os diversos obstáculos que surgem em nossos caminhos. Precisamos da escolha, de dizer não à voz atraente e promissora do opositor, que está sempre instigando a nossa vaidade e o nosso desejo de receber só para nós mesmos, em pensarmos só em nós. São estas pequenas vitórias nos confrontos do dia-a-dia que nos fazem crescer e nos tornar seres luminosos.” (Ian Mecler)
Pra se dar conta sobre a serviço de que estas tendências em nós existem, há que se autoconhecer. Não se trata de apenas tomar uma decisão e forçar a mudança, mas sim de compreender o mecanismo, e trabalhar nas suas causas, com autoconsciência e disciplina. Assim, a porta se abre.




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